quinta-feira, 20 de novembro de 2014

T. S. Eliot 4 Quartets - find loose structure / elements of the structure

‘By the time that poem [East Coker] was finished I envisaged the whole work as having four parts which gradually began to assume, perhaps only for convenience sake, a relation to the four seasons and the four elements’ - Eliot writing to Professor William Matchett in 1949

5 comentários:

  1. Em "Four Quartets", é possível encontrar estruturas que (tal como os quartetos) surgem em grupos de quatro.

    A primeira são os quatro pontos cardeais presentes em todos os títulos dos poemas. Burnt Norton, East Coker, Dry Salvages e Little Gidding dão todos nomes de locais mas nem todos ligados pessoalmente ao poeta, ou seja, nem todos são locais que ele visitou ou que fazem parte da sua história de vida pessoal.

    Também se pode dizer que há a presença dos quatro elementos, no entanto, na minha opinião os que têm presença mais clara são o Fogo e a Água. Em Dry Salvages, o próprio local aponta para o elemento da água, e temos várias referências como river, sea, beaches, starfish, whale, crab, wave, fishermen, entre outras. Por outro lado em Little Gidding, temos o fogo, presente em termos como sun, burnt, "pentecostal fire", "tongued with fire", "the fire and the rose are one.", etc. Se tivesse de incorporar os outros elementos, relacionaria a Terra com East Coker, tanto no sentido de solo ("Houses rise and fall, crumble... in their place Is an open filed, a factory, or a bi-pass") como de terra de onde somos ("Home is where we start from" e Burnt Norton com o Ar pelas descrições do rose-garden, do movimento das folhas, dos pássaros e do tempo e do amor e daquilo que é inamovível ou não.

    Por outro lado, se quisermos relacionar os poemas com as estações do ano, podemos ir buscar referências mas não sei se é esta a estrutura com a qual concordo mais. No entanto, relacionaria Burnt Norton com o Outono ("Moving without pressure, over the dead leaves, In the autumn heat"), East Coker com o Verão ("On a Summer midnight"), Little Gidding refere-se ao solsticio de inverno ("When the short day is brightest"), que ocorre em Dezembro (curiosamente Novembro é mencionado em East Coker) e por último em Dry Salvages parece não haver uma estação demarcada. Há uma referência a "autumn flowers/ Dropping their petals" mas a presença constante de imagens do mar com tempestade ou nevoeiro não permitem estabelecer uma estação dominante.

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  2. T.S. Eliot – Four Quartetts

    I found it very hard to pinpoint the idea of different seasons as represent by a sole poem. Although, the different seasons are scatteredly mentioned throughout the poem, I am simply unable to assign one specific season to one of its parts.

    However, I noticed that Eliot plays with the idea of a cycle, a circulatory system that can also be symbolized by the seasons.
    This renewing circle can be felt quite strongly at the beginning of East Coker, where the lyrical I explains that “In my beginning is my end.” The idea of time, i.e. a joining of the past, the present and the future is repeatedly voiced throughout the poem:
    “Time present and time past/ Are both perhaps in time future,/ And time future contained in time past.” (117)
    The repetitions themselves also stress the circular aspect above-mentioned.
    We are faced with a “turning world,” (119, 121) a “neither” and “nor” in unison (119), a liminal space in-between time and space characterized by constant movement and change. Hence, “every moment is a new and shocking.” (125)

    Here, the four elements come into play as another factor propelling this circularity (such as the fire and earth in East Coker I).
    All in all, in my opinion, “East Coker” best represents earth, as in this part of the poem everything that dies or crumbles is given back to the earth. “The Dry Salvages” signifies water, due to its various allusions to the sea and maritime affairs. “Little Gidding” repeatedly refers to “flames” and “fire.” This leaves “Burnt Norton” to symbolize the element of air (perhaps represented by the birds and the general fluidity and movement voiced in this part of the poem).
    Nevertheless, it is also important to note that the different elements are as well scattered throughout the whole poem and found in almost all of its parts, at times even opposing each other.

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  3. A linha estrutural mais óbvia que podemos encontrar em Four Quartets é a divisão em quatro sequências, o que prossegue com a noção separação em quatro partes como sugere o título. Porém, cada sequência divide-se em cinco secções, o que é interessante se tivermos em conta uma estrutura musical e como a secção IV de todas as sequências parece funcionar como um refrão. Esta ideia pode surgir, uma vez que trabalham com a rima, ao contrário do resto dos poemas em verso livre. Aliás, a secção IV de “East Coker” segue uma rima formal: ababb. E a secção IV do “Little Gidding” tem uma estrutura bastante formal de duas estrofes. Por outro lado, em “Dry Salvages” esta secção irá servir-se do hábito de rezar para obter esse efeito musical.

    Cada quarteto centra-se num espaço em particular, com as suas próprias particularidades de história humana e retira desse lugar uma série de ideias sobre espiritualidade e experiência. A primeira sequência, “Burnt Norton”, refere-se a uma casa de campo em ruínas em Gloucestershire, este cenário é utilizado para demonstrar preocupação com o tempo, temática esta que é, constantemente, trabalhada ao longo de Four Quartets, mas aqui mais explicitamente. Esta sequência introduz uma imagética que parece ser várias vezes retomadas nas restantes sequências, ou seja, a imagem do jardim com as crianças risonhas. “East Coker”, cujo nome vem de uma vila em Somerset, Inglaterra, é onde o sujeito poético demonstra a sua preocupação com o lugar do Homem na ordem natural, torna-se mais pessimista do que na sequência anterior. Na II secção surge outra noção dividida em quatro partes: as estações do ano, cuja imagética é trabalha constantemente ao longo do poema.

    A sequência “Dry Salvages” é a que se parece afastar mais do pessimismo e reflecte sobre a reconciliação do Homem com o seu destino. Serve-se da figura de Krishna para transmitir uma noção que não poderia ser alcançada de outra maneira. Este mecanismo repete-se na última sequência com o fantasma de um antigo mestre do sujeito poético, que lhe dá o fardo da sabedoria. “Little Guidding”, nome de uma paróquia ou vila de Cambridgeshire, Inglaterra, é o local onde o sujeito poético consegue lidar melhor com os problemas do tempo e da futilidade das acções humanas. A secção II estabelece ligação com a mesma secção de “East Coker”, com a introdução explícita da noção dos quatro elementos: a água, o fogo, a terra e o ar, novamente elementos que já foram e continuam a ser utilizados com regularidade, mas que aqui são nomeados com clareza.

    Outro aspecto interessante a ter em conta na estrutura, que assim estudada ganha maior lógica, é que as últimas secções das sequências parecem ter sempre algum carácter meta poético. Em “East Coker”, o sujeito poético queixa-se de ter desperdiçado o seu tempo e de ser incapaz de articular palavras que lhe sejam úteis no tempo presente. Porém, em “Little Gidding” há uma reconciliação com a escrita.

    A estrutura destes poemas tem base no uso consciente das palavras, que são repetidas numa tentativa de explorar os seus conceitos. A repetição e circularidade da linguagem reflectem para o infinito circular do tempo, conceito este que juntamente com a imagética da guerra e a noção da futilidade do Homem, entre outras questões, dão forma a Four Quartets.

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  4. Como refere Eliot, ao escrever ao Professor William Matchet, esta sequência poética tem uma relação com as quatro estações do ano e os quatro elementos. Apesar de também haver alguma ligação com os quatro pontos cardeais, estes não estão tão óbvios no poema.

    Apesar de o poema estar dividido em quatro partes, isto não significa que cada uma delas é dedicada a uma só estação ou elemento. Assim como, no início de "Burnt Norton", o sujeito poético coloca a questão do tempo não ser uma sucessão lógica de passado, presente e futuro, lembrando aqui a poética de Gertrude Stein, assim também as estações do ano não se sucedem como seria de esperar, Primavera, Verão, Outono e Inverno.Tão pouco os elementos naturais se organizam verticalmente, como Aristóteles os delineou, em terra, água, ar e fogo.

    Por vezes, quer as estações quer os elementos são-nos apresentados de maneira bastante explícita no poema. Em "Burnt Norton" temos referências directas ao Outono, "Moving without pressure, over the dead leaves,/ In the autumn heat", e ao Verão, "The circulation of the lymph/ Are figured in the drift of stars/ Ascend to summer in the tree". Em "East Coker" o sujeito poético questiona-se sobre o mês de Novembro, porque é que junta em si as quatro estações, contendo características de todas elas, remetendo mais uma vez para a imagem do tempo misturado, onde não há passado nem futuro, apenas um eterno presente. No início de "Little Gidding" vemos novamente esta invasão de estações do ano noutras, aparentemente antagónicas. A Primavera do meio do Inverno é uma altura não só deste eterno presente, "sempiternal (...) suspended in time", como também de contrastes de elementos, "frost and fire,/ The brief sun flames the ice, on pond and ditches,/ In windless cold that is the heart's heat". Terra, água, ar e fogo vivem em luta entre si, ao mesmo tempo que são obrigados a conviver entre si. Ainda em "Little Gidding", na parte II, o sujeito poético dedica as três primeiras estrofes única e exclusivamente aos quatro elementos, mais precisamente à sua destruição.

    Apesar de todas estas referências claras, estão espalhados pelo poema aspectos que, ainda que não directamente ligados às estações ou aos elementos, nos remetem para esses. A noção de tempo, tão importante ao longo de poema, denota o passar das estações, o seu lado cíclico, de morte e renascimento eternos. Também as várias referências à natureza, como os jardins, as rosas e, de certa maneira, as sebes, nos levam para uma imagem das estações.

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