domingo, 9 de novembro de 2014

Hart Crane, The Bridge - fios narrativos da sequência poética?

A tarefa desta semana é descortinar cerca de três linhas narrativas na sequência "The Bridge" e comentar como se configuram. Bom trabalho!

7 comentários:

  1. The Bridge

    I found several elements that are repeated over and over again in the poem and hence could build a certain kind of leitmotif, a storyline or a chain of thought.

    1) Travel, transport, movement, voyage

    In each part of the poem we can find strong references to movement by means of transportation, travel, or the transference to other realms.
    Even the robust, steady bridge itself can in a certain way be perceived as being in movement, due to the fact that it allows its travellers to cross certain natural borders. There seem to be no clear stations in life as everything is in constant motion.


    TO BROOKLYN BRIDGE
    → Seagull (appears again in Atlantis)
    → Elevators, subway, the traffic lights
    → Music (as in the harp) and cinemas that transport us into other realms, into the world of dreams

    AVE MARIA
    → Columbus’ ship → returning to Spain; accidentally found New World (back and forth movement – between Old and New World)

    THE HARBOR DAWN
    → the harbor with its ships and running engines
    → waking up → movement from world of dreams to conscious state of being
    → fog and darkness giving way to sunrise

    VAN WINKLE
    → repeated mention of “hurry”
    → movement to literary past

    THE RIVER
    → Westward movement
    → train as means of transportation
    → the river (Mississippi) itself also serves as means of transportation
    → the radio, “connecting ears”

    THE DANCE
    → dancing suggests movement (here: “dance us back”)
    → canoe
    → natural phenomena, such as smoke, lava, flames
    → “time itself, and moon” → change

    INDIANA
    → sailor that goes to sea (“traveller”)
    → Larry’s birth ←→ old mother (life and death)
    → Westward movement

    CUTTY SARK
    - Sailor (will leave at three)
    → Gets easily tired of staying at one place, (almost fishlike: “No – I can’t live on land-!”)
    - Music
    - “ATLANTIS ROSE”
    - Walk home across the Bridge

    CAPE HATTERAS
    - Flight → upwards movement → freedom of flight → into a “new universe”
    - Marseille, Bombay (travel)
    - Walt Whitman, Pocahontas → travel to past

    SOUTHERN CROSS
    - “wraith” (a form of apparition), the dawn

    NATIONAL WINTER GARDEN
    - incessant wait for someone else
    - music, dance

    VIRGINIA
    - 7, 11, waiting (time)

    QUAKER HILL
    - fleeting seasons
    - weekenders
    - bootleg roadhouses
    - “Hollywood’s new love-nest pageant” (as in changing fashions)
    - Descend

    THE TUNNEL
    - subway (as a descent into hell)
    - “theater, faces, mysterious kitchens” (movement in city)
    - monotone motion
    - fragments of dialogue
    - escalators

    ATLANTIS
    - ships at sea, seagulls
    - Aeolus → the wind
    - multitudinous verb → changing power of language, word-making
    - migrations

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  2. 2) Great moments of US history

    Another form of movement can be found in the poem, namely in the way the poem jumps back and forth between the past and the present of US history. Hereby, it comments on various moments of conquering the continent and the way a national identity was created.
    I will try to point out the most relevant ones:

    AVE MARIA
    → the discovery of the New World

    POWHATAN’S DAUGHTER
    → refers to Pocahontas and the Native American fate
    → present in all of the poems of this section - always referenced, even if in another time and space (past still present everywhere)

    VAN WINKLE
    → creation of own American literary tradition (Washington Irving)

    THE RIVER
    → Westward movement symbolizing the conquest of the American frontier

    THE DANCE/ INDIANA
    → strongest references to the Native American fate
    - gold rush

    CAPE HATTERAS
    - invention of flight by the Wright brothers→ conquest of the skies
    - Walt Whitman → father of American poetry
    - allusion to wars (Civil War – national period of the US - WWI international period)

    SOUTHERN CROSS
    - slavery, racism, KKK

    QUAKER HILL
    - prohibition, rise of consumerism, capitalism



    3) The American people

    Just as in the works of Walt Whitman, “The Bridge” introduces us to different social strata and forms a unity of the American people by introducing individuals from different times and places. It shows how every American individual in a way contributes to form an American people as a whole.

    AVE MARIA
    → pioneers, travellers

    VAN WINKLE
    - important literary figures
    - kid, hurrying off to school
    - Francisco Pizarro, Hernán Cortes, Captain Smith (Conquistadores, conquerors)

    THE RIVER
    - hobos
    - Native Americans
    - “Sheriff, Brakeman and Authority”

    THE DANCE
    - red flesh – Native Americans
    - Pocahontas
    - medicine-man

    INDIANA/ CUTTY SARK
    → sailor (Larry) and his mother

    CAPE HATTERAS
    - Wright brother
    - Walt Whitman

    NATIONAL WINTER GARDEN
    - Burlesque dancers and visitors of night club

    QUAKER HILL
    - tourists
    - bootleggers
    - Emily Dickinson
    - Isadora (performer of modern dances)

    THE TUNNEL
    - passengers in subway
    - reference to homosexual subculture
    - Edgar Allan Poe
    - “Wop washerwoman”

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  3. Em "The Bridge", temos vários elementos que podem apontar para elementos de narrativa.

    Um deles são as referências a figuras de tempos que Crane não viveu. Em "Ave Maria", a narração é feita por Colombo. Somos transportados para o tempo em que Colombo descobriu o "Novo Mundo" = América. Neste poema temos referências a Luis de San Angel, "Queen" = Rainha Isabel, mulher de Ferdinand e Fernando (rei na época de Colombo). Outro exemplo encontra-se em "Van Winkle", além de corresponder ao nome de uma personagem de uma short-story de Washington Irving, é um poema que tem referências a Pizarro e Cortes, dois exploradores/conquistadores espanhóis, assim como referência a Sleepy Hollow (outra obra de Irving). Mais à frente haverá também referências a figuras literárias como Poe e Whitman.

    Outra das narrativas muito presentes é de carácter religioso. Além do poema intitulado "Ave Maria", há referências a "Leviathan" (Cutty Sark), "Eve! Magdalene! or Mary, you?" (Southern Cross). Curiosamente não me deparei com nenhum referência directa a God. As referências religiosas (não contando com as indígenas) referem-se mais a nomes femininos.

    Outro elemento que percorre o poema é a água. Esta presente no início "O Sleepless as the river under thee" (The Brooklyn Bridge), continua nos poemas na forma de "waves" (Ave Maria), está implícita em The Harbor Dawn e em "The River". No entanto os poemas parecem tornar-se cada vez mais urbanos e so volta a haver uma referência "river" em "The Tunnel". Por último "Atlantis", além de referências como "River-throated" e de estar implícito no título o mito da cidade debaixo de água, o final refere uma "Bridge of Fire".

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  4. A primeira linha narrativa que encontrei foi na secção "Ave Maria", onde nos é descrita a chegada de Cristóvão Colombo ao continente americano. O sujeito poético conta na primeira pessoa a sua experiência, algo que também vai acontecer nas outras duas linhas narrativas que referirei mais à frente. Este sujeito poético é Colombo, que para além de descrever a viagem, também nos vai dando informações sobre as suas opiniões e estado de espírito. A importância do mar é muito grande. É ele que leva os marinheiros ao seu destino. No entanto, este não é o destino esperado, não haviam chegado à Ásia, como pensavam. Na primeira metade da segunda estrofe temos uma descrição dos movimentos marítimos. Vemos o mar descrito, mais à frente, como um terceiro mundo, o mundo da loucura e da escuridão. É interessante notar como o facto de Colombo achar que tinha chegado à Ásia é-nos revelado subtilmente. No verso 8, Colombo diz para Juan Perez "I bring you back Cathay" referindo-se à China. Mais à frente, no verso 21, falam do continente a que haviam chegado de "Chan's great continent".

    A segunda linha narrativa encontra-se na secção "Powhatan's Daughter", no poema "Van Winkle". Aqui, ao contrário de "Ave Maria", não temos apenas uma única narrativa. Temos antes um conjunto e memórias, mini-narrativas, encadeadas. Estão presentes várias expressões e palavras que nos remetem para a memória, para o olhar para trás no tempo. A segunda estrofe começa com "Times earlier"; o sujeito poético vai agora começar a contar acontecimentos passados que ele próprio viveu. A quinta estrofe é balizada por palavras do campo semântico de memória,"remember" e "recall". Apesar de referências a elementos mais recentes da história, como "Golden Gate" e "grind-organ", a maior parte das personagens referem-se a exploradores ou conquistadores dos territórios americanos, fazendo assim a ponte entre passado e presente.
    A terceira linha narrativa encontra-se na secção "Cutty Sark" Temos nesta secção duas narrativas paralelas. Uma em que o sujeito poético conta como conheceu um homem em South Street, e as suas várias características. A outra narrativa são as histórias que esse mesmo homem vai contando, sendo sempre intercalado com música. Estas duas narrativas formam assim um quadro em que o homem é o ponto focal.

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  5. Algumas das narrativas que descortinei ao longo das secções de The Bridge foram a narrativa do século XX e da Modernidade, a do território americano metaforizado pelo corpo feminino, e a narrativa da história e cultura Ameríndias.
    Quanto à primeira mencionada, para além de elementos representativos da Modernidade, como o cinema, o rádio ou a publicidade, são os meios de transporte, como o comboio, o metro e o avião, que actuam como elementos representativos, ou mesmo metafóricos, da conquista do homem sobre o território e do progresso mecânico e tecnológico. Em Cape Hatteras, o verso "Man hears himself an engine in a cloud" (46) é figurativo da "maquinização" da civilização e, neste caso, da conquista dos céus. Em The Tunel, a conquista é, pelo contrário, a conquista do subsolo. Representando novamente o progresso, passando-se, nesta secção, para o ambiente urbano, o sujeito poético diz "The subway yawns the quickest promise home" (23). Não obstante, esse progresso pode ser também desconcertante e desintegrante da mente e espírito humanos e, por isso, estão presentes algumas imagens disfóricas: "The phonographs of hades in the brain/Are tunels that re-wind themselves, (...)" (58/59).
    No decorrer das secções, também surge recorrentemente o corpo feminino como metáfora do território. Alguns versos que afiguram a metáfora são encontrados em The River, em que os "hobos" mencionados, "lurk across her, knowing her yonder breast" (68). Em The Harbor Dawn, também surge novamente o corpo feminino como uma entidade abstracta, que se apresenta comum a um grupo de sujeitos que não são definidos e que se pode aferir serem os Americanos: "Who is the woman with us in the dawn? ... whose is the flesh our feet have moved upon?".
    A cultura ameríndia é um dos temas preponderantes ao longo das secções e funciona como metáfora da ancestralidade do território americano e como parte integrante da história da América. A secção "Powhatan's Daughter" é, em grande parte, invocativa de elementos da cultura dos nativo-americanos, sobretudo o poema "The Dance", mas o ênfase da importância da cultura nativa como fundamental da essência e espírito americanos também surge em "Cape Hatteras": "To that deep wonderment, our native clay/Whose depth of red, eternal flesh of Pocahontas --" (18/19).

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  7. "The Tunnel"

    De certa forma, parece ser possível dividir este poema em três momentos narrativos diferentes. O poema começa por fazer uma viagem circular ao descrever a descida das multidões aos tuneis do metro, que metaforicamente representam o inferno, “the curtain lift in hell’s despite”, esta descida traz uma série de obstáculos, como portas giratórias, os torniquetes e a agitação da multidão, e cria um misto de sensações que passam pela vontade de fugir e ir para casa, mas simultaneamente apresenta-se com a melhor alternativa para assim o fazer. Esta narrativa é então complementada com fragmentos de diálogos que parecem ser ouvidos pelo sujeito poético durante a viagem e são descritos como: “the phonographs of hades in the brain are tunnels that re-wind themselves”, o que reforça a ideia do metro como espaço infernal, ainda que simultaneamente carregado de experiência urbana contemporânea. De seguida, há um momento no poema dedicado a Edgar Allan Poe, onde o sujeito poética reflecte a nível muito mais pessoal e onde coloca questões a Poe, como se pretendesse descobrir a saída daquele inferno. Por fim, o poema dá o circulo completo e voltamos à superfície, com “elbows and levers, guard and hissing door.”

    Porém, a viagem continua, “under the river”, com o comboio mais vazio, momento em que o sujeito poético dirige olhares mais particulares aos passageiros, como a “wop washerwoman”, introduzindo a questão da imigração. Ao mesmo tempo, constrói um metáfora em que o metro consiste num “Daemon”, uma figura sobrenatural, ou seja, dá-se a metamorfose do comboio em versos como: “Daemon, demurring and eventful yawn! / Whose hideous laughter is a bellow mirth”. Por fim, inesperadamente, o poema dá uma nova viragem com os versos: “And yet, like Lazarus, to feel the slope, / The sod and billow breaking, - lifting ground”, onde fica implícito que, como se o metro ressuscitasse tal como Lazarus, este sai da terra e, repentinamente, parecemos entrar num terceiro momento narrativo ligado à ponte de Brooklyn, “the coil of ticking towers”, e ao East River, “River that is East”, que separa Brooklyn de Manhattan. O poema termina com uma referência ao final de um poema anterior, “Ave Maria”, repetindo um grito de Colombo: “O Hand of Fire”, possivelmente estabelecendo uma ligação ao papel da mão de Deus nesta descida e subida ao inferno.

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