domingo, 16 de novembro de 2014

Marianne Moore - sequência "The Old Dominon" (1936)

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7 comentários:

  1. "The Student"

    Este poema começa com uma comparação entre América e França. Na França, não se considera necessário ter um curso ("they don't say everyone must go to college.") enquanto que na América, "everyone must have a degree." O sujeito poético fala num "We" que penso que seja uma forma de englobar todos os Americanos, quando defende a sua visão relativamente à escola. Para os Americans "school (...) is both a tree of knowledge and of liberty." Gosto particularmente desta noção. Acaba por dar importância à escola assim como dá importância ao conhecimento e à liberdade para o adquirir.

    No entanto a seguir refere os mottoes que são luz e verdade, cristo e igreja, sábio feliz. Penso que através disto se conjuga o conhecimento com a religião para que um homem seja sábio e feliz ao mesmo tempo.

    Ao longo do poema, o sujeito poético parece também explorar outra temática: somos estudantes toda a vida. Tanto porque só temos opiniões e somos "undergratuates, not students" e porque "Science is never finished." De certa maneira, parece que quer dizer que há sempre mais para saber por isso, mesmo quem se dedique sempre a uma vida académica por exemplo, nunca poderá saber tudo. Há sempre mais alguma coisa a saber, apesar de referia a seguir: "study is beset with dangers."

    Em New England considera-se o aluno uma espécie de herói da paciência (outra noção interessante). Esta noção leva a uma comparação entre o conhecimento e o lobo. Tal como o pêlo do lobo, o conhecimento é dificil de adquirir e é o aluno que deve estudar de livre vontade e individualmente. Ao dar a sua opinião, o aluno presta o seu serviço, apesar de não receber recompensa por isso e, muitas vezes, parece não ser afectado porque "he has so much (feeling)".

    Na sequência dos poemas, "The Student" surge após "Steeple-Jack" onde o student e o hero são mencionados como se pessoas que se sentem em casa na town que é descrita no poema anterior. O poema a seguir a "The Student", chama-se "The Hero" mas não segue uma linha narrativa que se envolva com o conhecimento, apesar de haver novamente um we presente.

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  2. No Swan So Fine

    „No Swan So Fine“ begins with a statement in quotation marks and hence builds on a previously established, but unknown text - be it a fragment from a dialogue, a written text or another form of reference. The quotation immediately places us in a space, namely in the gardens of Versailles, France, which are known for their great fountains. However, the fountains in this context are described as being “dead” and as a result lack any remnant of the magnificence and vivacity they usually portray.
    The waters of Versailles then lead us to the swans swimming in it. Here, the poetic subject claims that the alive swans, swimming in the waters with their “gondoliering legs” are not “so fine” as the artificial “chintz china one with fawn-/ brown eyes and toothed gold/ colar.” Another contrast between the dead and alive is once again achieved. The superiority of the man-made swan is then justified by the fact that it has a representative function, i.e. that it shows “whose bird it was.”

    The second stanza gives us further information in regards to the above-mentioned object. We are told that the swan belonged to Louis XV and that it it is a port of a “candelabrum-tree of cockscomb-/ tinted buttons, dahlias,/ sea-urchins, and everlastings.” The swan thus becomes a part of the extravagance and exuberance of royalty. I associated the “candelabrum-tree” with an artificial, opulent form of a family tree. Instead of memorizing the history of human beings, of a family, the candelabrum-tree represents the hoarding of artificial goods. Once more, this aims at exposing the complete and utter artificiality of the royal life that was bound to fail due to its lifelessness.
    “The king is dead,” the poetic subject concludes in the last line. All that is left of him are those “everlasting[ ]” objects that survived and which provide a glance into the former opulence that was lived in the castle.
    At the same time, the king’s death at the end of the poem connects to the “dead fountains” at the beginning of the poem. Although these objects survived, life as it was can never be reconstructed or achieved anymore. With the death of the king, a whole way of living ended. Naturally, the end of the royal exuberance points at the French Revolution that happened about 15 years after the death of Louis XV.

    The poem thus plays with the notions of representation, death and live, past and present, invincibility and mortality, infinity and finiteness.

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  3. “Virginia Britannia”

    The Pangolin and Other Verses contém uma lógica de repetição e interligação entre os seus cinco poemas. Exemplo disso é a presença constante de pássaros, particularmente os “mockingbirds”. Outro exemplo são as frequentes referências a artes visuais, como a pintura de Goya em “Half Deity” ou a estátua de mármore em “Virginia Britannia”. Todos os poemas indicam um fascínio pela natureza, uma natureza que é domesticada. Os poemas na sequência “Old Dominion” lidam de uma maneira ou de outra com a paisagem natural, alternada pelas intrusões do Homem. O título da sequência refere-se à alcunha do estado de Virginia e o seu estatuto como uma colónia Inglesa, ao mesmo tempo, o título deixa-nos alerta em relação aos temas que são abordados ao longo da sequência, como as questões de propriedade, controlo e domínio, três substantivos directamente ligados ao significado de “dominion”.

    “Virginia Britannia” é o primeiro poema da sequência e é relevante por conter a descrição de todo o tipo de pessoas que consideram a América não só a sua propriedade, mas também a sua casa. Este poema apresenta uma América que desde o início é caracterizada com complexidade, associada a hibridismo e não a pureza, e a culpa e não a inocência. O poema é constituído na sua maioria por descrições ou reflexões sobre jardins. Mesmo os locais observados de carácter mais selvagem são construídos artificialmente pelo Homem, que se dedica a reorganizar a natureza. Moore faz, ao longo do poema, uma espécie de lista de flores e árvores existentes na América, flora esta que acrescentava valor esplendor à terra.

    “Virginia Britannia” começa com a descrição da costa desse “Old Dominion”, mas rapidamente o sujeito poético vai popular a terra com a seguinte enumeração: “red-bird, the red-coated musketeer, / the trumpet-flower, the cavalier, / the parson, and the wild parishioner.” Assim, entramos no contexto da colonização e a segunda estrofe adopta a perspectiva dos nativos americanos na descrição do capitão Smith, visto com estranheza e descrito como paciente, apesar de trazer consigo conflitos e violência.

    Na terceira estrofe surge o conceito dos jardins construídos artificialmente: “Care has formed among un-English insect sounds, / the white wall-rose.” É aqui também introduzida a questão da tentativa de corresponder a estética do colonizador às terras americanas. A riqueza destas terras potencializa o conflito, porque esta terra só pode ser retirada à força, num país que se viria a caracterizar pela sua inconsistência por tanto ser inimigo como aliado da tirania: “inadvertent ally and best enemy of / tyranny. Rare unscent- / ed, provident- / ly hot, too sweet, inconsistent flower-bed.” Esta inconsistência também parece ser reforçada através da caracterização da América segundo dois pássaros diferentes; o “mockingbird” que rouba território, “the lead- / gray lead-legged mocking-bird with head / held half away, and mediative eye as dead / as esculptured marble”, e o pardal visto como um vizinho mais agradável, “The mere brown hedge-sparrow, with reckless / ardor, unable to suppress / his satisfaction in man's trustworthy nearness”.

    Ao longo do poema existem alguns registos da culpa associada à origem da América, da violência histórica que aqueles que vivem em “shaded house[s]” tendem a ignorar, como fica claro nos versos: “taking what we / pleased – in colonizing as the / saying is – has been a synonym for mercy.” Moore constrói aqui uma crítica clara contra a violência da colonização acrescentando ainda a noção de que os índios não são os que inspiram verdadeira crueldade. A última estrofe do poema faz uma súbita mudança para uma vista mais panorâmica, funciona como uma antecipação das contemplações que se seguem na sequência e que parece pôr fim à espécie de fábula que veio a construir.

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  4. O poema "Half Deity" insere-se na sequência "The Old Dominion". Esta sequência é marcada pela presença constante da natureza. Quer seja pela descrição de flores, plantas ou animais, estes poemas adquirem uma visão quase fotográfica, ou documental, onde os elementos da natureza são focados, realçando os pormenores, atento gradualmente àquilo que é mais pequeno. "Half Deity" é um exemplo claro disto. O detalhe da descrição da borboleta e, posteriormente, da perseguição levada a cabo pela ninfa, demonstra uma atenção ao pequeno e aos movimentos imperceptíveis: a borboleta a voar de flor em flor, os pequenos tremores das suas antenas e o leve bater das suas semi-transparentes asas que , ainda assim, conseguem ser captadas pelo sujeito poético. Este foco no pequeno e no detalhe é, por um lado, corroborado, e, por outro, contra-balançado, pela primeira descrição da borboleta: "Half Deity/ half worm". O macro, a divindade, conjugado com o micro, a lagarta. Duas faces da mesma moeda, que é a borboleta. Esta dualidade é reforçada quando o sujeito poético descreve a borboleta como fazendo parte da raça élfica, relembrando, no entanto, logo a seguir, que antes ela era apenas uma lagarta sem asas.

    A borboleta não é o único elemento natural presente no poema. Todo o mundo que a rodeia, e onde ela se movimenta, é natural. A sua perseguidora, a ninfa, é o símbolo por excelência da natureza. É, nos mitos da Antiguidade Clássica, a deusa residente dos bosques e florestas, em conjunto com as suas companheiras, vítimas de frequentes perseguições por parte dos deuses que as contemplavam, ou pelos sátiros. Neste poema os papéis invertem-se. Agora é a ninfa quem persegue, despertada pela beleza da borboleta. Porém, ao contrário do que acontecia frequentemente nos mitos, a perseguidora não leva a melhor, e a borboleta foge, auxiliada por outro elemento mitológico: o vento enquanto ser consciente.

    Outro aspecto interessante do poema é o seu uso das cores (por exemplo, o amarelo vivo da borboleta, contrastando com o azul da ninfa), que permite ao leitor ter uma visão pictórica bastante definida, formando um quadro vivo e garrido. É curioso como a única alusão à pintura é a de um quadro de Goya, onde a cor é muito mais sóbria e escura.

    Apenas notar como o título do poema se transforma num verso do próprio poema. Em Walt Whitman encontramos muitos poemas cujo título é repetido no primeiro verso. Aqui o título é o primeiro verso.

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  5. No poema "The Steeple-Jack", o sujeito poético começa por apresentar o espaço em que ele mesmo se encontra, ou que parece estar diante de si - "in a town like this" -, dirigindo-se directamente a um "you", que é, deste modo, aproximado do espaço que é enunciado. O acto de visualizar as imagens que o sujeito poético descreve ao longo do poema é evidenciado pelas expressões "to look at", "You can see" e "it is a privilage to see". Os cenários que vão sendo apresentados sucessivamente não são, porém, apenas processos descritivos que funcionam apenas pela configuração do espaço como ele é na dimensão real, mas antes uma articulação entre estes espaços e as associações imagéticas que o sujeito poético lhes atribui. Estas associações comportam não só uma dimensão estética, demonstrada pelo uso de comparações - "from water etched/ with waves as formal as the scales/ on a fish." -, como também uma estética e histórica. Por exemplo, na terceira sextilha, a imagem do pavão configura-se pela sua articulação com a imagem do pintor alemão Durer enquanto pinta uma paisagem. Aqui, a imagem poética figura-se pela união entre uma referência histórica do sujeito poético a um elemento da paisagem natural, o que se irá repetir na estrofe seguinte, em que se articula a referência à Guerra da Independência, pelo uso de "fife-and-drum", aos fenómenos naturais do espaço actual. Através destas uniões, estabelece-se um elo entre o Presente e o Passado, o que confere à paisagem uma dimensão histórica.
    Na quinta estrofe é apresentada a figura que dá nome ao poema, o "steeple-jack", acompanhado de uma comparação ao mundo animal, neste caso, a uma aranha que lança uma teia. A existência paralela entre homem, elementos da civilização e elementos da natureza é algo que se encontra nos poemas de Marianne Moore, com o intento de comentar sobre a forma como o ser humano, também como animal, habita e se adapta à natureza, ou a transforma para a habitar.
    Nesta estrofe, é apresentada uma outra questão, introduzida pelo verso que diz "he might be part of a novel, (...)". Este "he", o "steeple-jack", é, por momentos, transportado do próprio texto que o apresenta para outra dimensão que medeia o universo ficcional, dimensão essa que se contrapõe à sua presença no texto poético, e que é o mencionado "novel". Aqui, talvez surja um comentário metapoético, já que o "steeple-jack" é defendido antes como figura pertencente ao poema pela menção de existir um sinal que diz "C. J. Poole".
    Na última estrofe, apresenta-se o paradoxo entre a cidade, dita como uma cidade que "could not be dangerous to be living", e a imagem vertiginosa do "steeple-jack" no topo da igreja, por sua vez rodeada de sinais que dizem "danger". O poema articular-se-á perfeitamente nesta sequência a partir desta estrofe, em que surge a ideia de sacrifício como bem comunitário, o que será mencionado em "The Student" e "The Hero". As fronteiras entre os papeis atribuídos a cada uma das figuras e ao seu ofício vão-se esbatendo: o "The Hero" apresentará a perseverança e restaurará a esperança tal como o "Steeple-Jack" - "tired but hopeful -/ hope not being hope/ until all ground for hope has/ vanished;" -, o "The Student" confrontar-se-á com alguns obstáculos - "study is beset with/ dangers" -, mas apresentará também ele a capacidade de os superar - "the student is patience personified,/ a variety/ of a hero".

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