quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Gary Snyder, poemas de Riprap (1959) - TPC

1. Apresentem uma análise de texto (máx. 300 palavras) do poema "Riprap"
2. Em que medida estes poemas apresenta uma poética diferente do contemporâneo Ginsberg? Há pontos de aproximação? Quais?
Talvez a leitura do ensaio "Tawny Grammar", disponível no livro The Practice of the Wild (http://terebess.hu/zen/mesterek/The-Practice-of-the-Wild-by-Gary-Snyder.pdf) vos ilumine neste Natal :)


3 comentários:

  1. I understood the poem „Riprap“ as a form of self-reflexive poem, pondering on the power of words and poetry as such. Throughout the poem words are repeatedly compared to rocks, they are described as solid beings that should be chosen with care, as they own a certain “fire and weight.” As a riprap is basically “a foundation or sustaining wall of stones or chunks of concrete thrown together without order,” one might come to the conclusion that the poetic subject believes a poem to be a random array of words. However, we are also told that these rocks are “placed solid, by hands/ In choice of place,” which cancels out the former understanding. A poem might appear chaotic at first, but in the end, if we dare to look closer we will find a deliberate overall structure and a certain strength in the choice of words underlying a poem. This hidden structure is then extended to a universal, all-embracing scale. Thus the “milky way,/ straying planets,/ These poems, people,/ lost ponies,” every living and inorganic thing is part of a greater structure. The simile “like an endless/ four-dimensional/ Game of Go” again plays with the image of stones being ordered in certain constellations for certain purposes. It is quite interesting that Snyder chose a traditional Chinese game for a simile in his poem. Just like the very last line of this poem, (“As well as things” = Pound’s “direct treatment of the “thing””) this reminded me of Pound’s love for the Oriental.

    When comparing this poem to Ginsberg’s Howl, the greatest difference one first notices are the poems’ lengths. While Howl is a poem of epic length, Riprap can be described as a poem of more humble dimension. Furthermore, Riprap is set in the natural world , while Howl is more concerned with an urban space. Both poems also describe a certain chaos/ structure. While in Riprap a structure in chaos can be found, the chaos of Howl cannot be overcome by any means.

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  2. O poema "Riprap" é, desde o início, dominado por elementos físicos e naturais. Podemos notar a presença de vários termos que se relacionam com o título, uma vez que, "Riprap" é uma estrutura construida à beira de rios (por norma) a partir de pedras e, por isso, não é estranho encontrarmos no poema referências a "rocks", "pebbles", "stone", "rocky", "Granite". Por um lado, estes termos podem ajudar a construir uma imagem mental em que o sujeito poético constrói o seu próprio riprap (poema) com palavras (stones/rocks/etc).
    Também é importante denotar a variedade de elementos mencionados como "leaf", "wall", "planets", "ponies", "people", entre outros que apontam para o facto do poema tratar da realidade, ou seja, estamos a lidar com elementos reais e não imaginados. Apesar dos elementos invocados serem reais, o poema parece sugerir uma certa organização. Começa por estruturar as palavras na mente como "rocks", sob um espaço e um tempo. Mas depois parte para algo "maior" ao referir "milky way, / straying planets" e "these poems, people". Passamos da estrutura da mente do leitor, a quem o sujeito se dirige, para "people" num sentido mais abrangente mas que ainda assim se insere na estrutura do poema. No final do poema, todas estas estruturas estão ligadas mas sujeitas a mudanças ("all change, in thoughts/ as well as things.")
    Em conclusão, o poema parece sugerir a ideia que tudo tem uma estrutura e uma organização, até um poema. Apesar de poder parecer caótico e desorganizado ou feito ao "acaso" como um riprap, um poema acaba por ser organizado e sólido em palavras como as palavras estão sólidas na mente no início do poema.

    Em comparação com Howl, "Riprap" destaca-se por uma maior presença de elementos naturais invés de urbanos. Por outro lado, Howl é um poema mais extenso e que, denota mais intensidade através, por exemplo, das repetições que encontramos nas suas secções.

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  3. “Riprap” é um poema que se liga muito directamente ao ofício de um artesão que trabalha a pedra, o próprio título, que poderia ser traduzido por enrocamento uma estrutura composta por blocos de rocha, assim o indica. Além disso, ao longo do poema surgem várias palavras que remetem para a pedra como “cobble”, “rocky”, “pebbles”, etc. Esta base sólida do poema parece ligar-se à própria arte da poesia, como se o sujeito poético usasse as palavras do mesmo modo que se assenta pedra para delinear um caminho, dando um ritmo de percussão ao início do poema através da utilização de palavras curtas. Deste modo, o sujeito poético reproduz a experiência da construção de trilhos e remete o leitor para um leitura que exalta o tacto e explora a ideia das palavras enquanto objectos palpáveis: “Lay down these words / Before your mind like rocks.” Um segundo momento do poema, contudo, parece transportar-nos do terrestre para o celestial: “Cobble od milky way, straying planets.” Parece haver uma sugestão de que a poesia não se tem de limitar a factos físicos e mundanos, o poeta, enquanto artesão, pode conceder às palavras significados mais profundos, tal como o material líquido que é capaz de ganhar solidez: “Granite: ingrained with the torment of fire and weight / Crystal and sediment linked hot all change, in thoughts, / As well as things.”

    Em comparação com o seu contemporâneo Allen Ginsberg, a poesia de Gary Snyder parece ter pelo menos um ponto em comum, a passagem das experiências de vida para a poesia, ainda que, à primeira vista, não partilhem o mesmo tipo de experiências. Ambos os poetas também parecem partilhar a característica da utilização da poesia como acto de introspecção e talvez a passagem de vivências pessoais para os poemas. Em termos de estrutura, a poesia de Snyder utiliza versos bastante mais curtos que a de Ginsberg, dando-lhe um tom mais contido.

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