Em inglês,
aqui:
"A poem is an intellectualised impression, or an idea made emotion,
communicated to others by means of a rhythm. This rhythm is double in
one, like the concave and convex aspects of the same arc: it is made up
of a verbal or musical rhythm and of a visual or image rhythm, which
concurs inwardly with it. The translation of a poem should therefore
conform absolutely to the idea or emotion which constitutes the poem, to
the verbal rhythm in which that idea or emotion is expressed; it should
conform relatively to the inner or visual rhythm, keeping to the images
themselves when it can, but keeping always to the type of image."
c. 1923
E em português a
qui:
1. A base de toda a arte é a sensação.
2. Para passar de mera emoção sem sentido à emoção artística, ou
susceptível de se tornar artística, essa sensação tem de ser
intelectualizada. Uma sensação intelectualizada segue dois processos
sucessivos: é primeiro a consciência dessa sensação, e esse facto de
haver consciência de uma sensação transforma-a já numa sensação de ordem
diferente; é, depois, uma consciência dessa consciência, isto é: depois
de uma sensação ser concebida como tal — o que dá a emoção artística —
essa sensação passa a ser concebida como intelectualizada, o que dá o
poder de ela ser expressa. Temos, pois:
(1) A sensação, puramente tal.
(2) A consciência da sensação, que dá a essa sensação um
valor,
e, portanto, um cunho estético.
(3) A consciência dessa consciência da sensação, de onde resulta uma
intelectualização de uma intelectualização, isto é, o poder de
expressão.
3. Ora toda a sensação é complexa, isto é, toda a
sensação é composta de mais do que o elemento simples de que parece
consistir. É
composta dos seguintes elementos:
a)
a sensação do objecto sentido;
b)
a recordação de objectos análogos e outros que inevitável e espontaneamente se juntam a essa sensação;
c)
a vaga sensação do estado de alma em que tal sensação se sente;
d)
a sensação primitiva da personalidade da pessoa que
sente. A mais simples das sensações inclui, sem que se sinta, estes
elementos todos.
4. Mas, quando a sensação passa a ser intelectualizada, resulta que se decompõe. Porque — o que é uma
sensação intelectualizada? Uma de três coisas:
a)
uma sensação decomposta pela análise instintiva ou dirigida, nos seus elementos componentes;
b)
uma sensação a que se acrescenta conscientemente qualquer outro elemento que nela, mesmo indistintamente, não existe;
c)
uma sensação que de propósito se falseia para dela tirar um efeito definido, que nela não existe primitivamente.
São estas as três possibilidades da intelectualização da sensação.
c. 1916